Conheça as estratégias de empresários para evitar demissões e sobreviver à crise

O fechamento do comércio e da prestação de serviços não essenciais na tentativa de conter a propagação do coronavírus tem causado apreensão a empresários. A queda acentuada ou até a interrupção das receitas pode colocar em risco não só a saúde financeira como a sobrevivência de muitas empresas, que se deparam com as despesas já contratadas, como pagamento de funcionários e fornecedores e de aluguel, entre outras.


06/04/2020 11h22

As receitas para sobreviver a esse período passam por medidas para postergar o efeito devastador de queda nas receitas, desde que em respeito às recomendações de suspensão de atividades presenciais.

“Assim que as escolas tiveram que fechar, lançamos um plano de três semanas para reforçar o relacionamento à distância com nossos alunos: as medidas incluem atividades complementares fora da sala e o acesso a professores que ficam à disposição online, com o intuito de evitar atrasos pedagógicos nesse período”, afirma Décio Pecin, CEO da CNA, rede com mais de 600 escolas de línguas e 200 mil alunos em todo o país.

Se as escolas físicas não forem retomadas ao fim desse período, as aulas passarão a acontecer no ambiente virtual por meio de uma plataforma, ao mesmo tempo para todos os alunos — são as chamadas aulas síncronas. Nesse cenário, as aulas à distância poderiam acontecer até junho, encerrando os atuais módulos para os alunos. “Esperamos que a situação possa se normalizar e que as aulas presenciais sejam retomadas em até três meses”, afirma.

Foi uma decisão que a rede de idiomas Rockfeller Languange Center preferiu tomar assim que a quarentena foi anunciada em Santa Catarina, estado que concentra a maioria das escolas. Uma das razões foi a falta de clareza sobre a duração da quarentena, que começou por lá em meados de março. Outro motivo foi buscar preservar o engajamento do aluno. “Em curso eletivo, a interrupção das aulas pode fazer o aluno perder a motivação mais facilmente do que em um curso regular, como uma graduação”, afirma André Belz, sócio-fundador da rede.

Receitas recorrentes

Mas o empresário aponta, por outro lado, que o setor de franquias na área de ensino tem algumas características que acabam servindo como proteção em crises. Ele cita o fato de as escolas trabalharem com a cobrança de mensalidades, que funcionam como uma receita recorrente para o franqueado. “Houve casos de alunos que já foram impactados e desistiram, mas são casos pontuais. Nenhuma escola teve nem de longe uma queda de receita de 50% ou mais da noite para o dia, como aconteceu com bares, restaurantes ou lojas pequenas”, afirma.

Além disso, o aprendizado do inglês conta para a capacitação dos alunos, algo que pode contar no momento de recolocação profissional para quem eventualmente perdeu o emprego na crise.

Pecin diz que a CNA e sua rede de franqueados, que estão à frente de 607 das 614 unidades em todo o país, estão segurando as demissões. A maior parte dos funcionários, incluindo professores, estão trabalhando em esquema de home office; aqueles cujas funções não permitiam o trabalho remoto tiveram as férias antecipadas ou ganharam licença remunerada. “Não passa pelos nossos planos nenhuma demissão no momento”, diz.

Comitê de crise

Ele conta que o grupo montou um comitê de crise na última semana de fevereiro, assim que saiu a confirmação do primeiro caso de contaminação no país. Os integrantes se reúnem diariamente, incluindo o fim de semana. Inicialmente, as reuniões eram presenciais, mas passaram a ser por videoconferência. “A situação muda muito rapidamente e debatemos quais ações podemos tomar para prevenir impactos”, afirma.

“O papel do franqueador é estar em contato constante com a rede de franqueados, conversando, ouvindo e se posicionando, enquanto o papel das escolas é manter esse canal com os alunos, para dizer que não haverá perda pedagógica e que as aulas serão reestabelecidas tão logo a situação se normalize”, diz Pecin.

O que virá depois

“Se o fechamento das atividades se estender por muito tempo, a crise pode se agravar para nós porque as pessoas vão perder a sua capacidade de gastar em cursos, ainda que seja um investimento pessoal”, diz Belz. “Se a situação continuar assim por mais dois, três meses — espero que não chegue a isso –, as pessoas vão sair quebradas financeiramente. Daí não vai adiantar reabrir as escolas porque haverá poucos alunos.”

“Temos uma plataforma de ensino 100% digital, que é o CNA Go”, diz Pecin. Ela é voltada para alunos a partir dos 13 anos de idade para quem já estuda na CNA e dos 18 anos para quem ingressa na escola. Ele diz esperar que a demanda pelos cursos presencial, online e híbrido volte quando a situação se normalizar, porque são públicos diferentes.

Mas ele tem outra visão para os negócios: “O mundo corporativo vai sair dessa crise de uma forma diferente. Nós vamos aprender a trabalhar mais à distância e menos presencialmente nos escritórios, em reuniões.”

Fonte: 6 Minutos


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