Coronavírus acelera e-commerce no Brasil e dificulta retomada para varejo físico

Os varejistas brasileiros começaram a reabrir as portas após paralisarem por semanas as atividades para evitar a disseminação do novo coronavírus, mas devem atravessar a crise transformados pela pandemia, com o setor de comércio eletrônico fortalecido enquanto redes de lojas físicas enfrentam um caminho íngreme para normalidade.


04/05/2020 14h10

O crescimento do comércio eletrônico no Brasil acelerou para 30% nas últimas cinco semanas, de acordo com a associação de ecommerce ABComm, com medidas de isolamento social atraindo novos consumidores e levando varejistas desenvolver canais digitais de vendas.

A entidade estima que 80 mil novas lojas online tenham sido lançadas desde março, enquanto o número de clientes com ao menos uma compra pela internet cresceu em quase 1 milhão.

“Percebemos que em crises passadas, não só no Brasil, o ecommerce nunca deixou de crescer mesmo com retração do PIB ou outras dificuldades”, afirmou o presidente da ABComm, Maurício Salvador, em entrevista por telefone.

“A percepção do consumidor é de que comprar pela internet é sempre mais barato, então em épocas de crise o ecommerce acaba sendo um canal interessante porque o permite pesquisar preços”, acrescentou.

Salvador ponderou, contudo, que a alta das vendas online tende a desacelerar em relação ao ritmo observado em março e abril, conforme a recessão abala a confiança e o desemprego aumenta.

Ainda assim, a ABComm manteve sua estimativa inicial de crescimento de 18% do ecommerce em 2020 para 106 bilhões de reais, já que o segundo semestre concentra importantes datas para o varejo.

CAMINHO DIFÍCIL

Para lojistas de shopping centers, porém, o caminho para retomada das atividades tende a ser mais difícil.

Aproximadamente 60 dos 577 shoppings do Brasil já reabriram as portas, mas o número pode chegar a 73 até o término desta segunda-feira, conforme mais municípios relaxam as regras de isolamento social, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

A Abrasce calcula que o setor já tenha perdido cerca de 20 bilhões de reais em vendas desde o início da pandemia e alerta que o prejuízo deve ser ainda maior até que a situação se normalize.

As ações da Lojas Renner, por exemplo, acumulam queda de cerca de 30% desde o começo do ano.

“Foram adotados novos protocolos de funcionamento e vemos as pessoas tentando voltar à rotina, mas o fluxo ainda está bem aquém do mesmo período do ano passado”, contou o presidente da Abrasce, Glauco Humai.

Para o economista da Guide, Victor Beyruti, é improvável que a demanda retorne aos níveis pré-pandemia ainda este ano. “Até na China a demanda demorou a voltar, então acho que aqui vai ser um pouco pior”, disse Beyruti.

“Ser o primeiro a reabrir (lojas) tem suas vantagens, mas a reabertura tem que ser estratégica… Não adianta reabrir tudo se não tiver movimento porque isso vai gerar custo”, explicou o economista.

Operadoras de shopping centers atualmente estão em conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para criação de uma linha de crédito para ajudar o setor a atravessar essa crise após a renúncia de quase 1,5 bilhão de reais em isenções fiscais e descontos ou adiamentos de aluguel a lojistas.

Enquanto isso, as empresas vêm se empenhando para reduzir custos. O grupo Iguatemi, por exemplo, está adiando obras de manutenção para cortar os investimentos em cerca de 40% este ano.

Fonte: 6 minutos


Avança Varejo


1

Dúvidas? Chame no WhatsApp